segunda-feira, 27 de junho de 2022

Bruce Willis e a fragilidade humana

Recentemente o renomado ator americano Bruce Willis anunciou seu afastamento de Hollywood após descobrir que tem afasia, séria doença que causa dificuldades na fala e na locomoção. O diagnóstico exigiu do ator uma espécie de aposentadoria antecipada, visto que já não estava conseguindo exercer a profissão que o tornou famoso no mundo inteiro. 

Quando li a notícia, logo fiz um paralelo do personagem com o homem real, que agora está doente. Os papéis de Willis sempre estavam associados ao modus operandi típico dos filmes de ação: a capacidade que o personagem principal possui de se safar de qualquer situação e que o faz parecer quase um super humano. A magia dos filmes de ação reside justamente no fato de que a morte parece frágil diante dos heróis. Eles até envelhecem, mas jamais perdem as suas habilidades, pois estas parecem transcender todas a limitações típicas da idade.

A vida na tela é incrível, no final tudo acaba bem, cabendo algumas exceções, é claro. Na vida real nem sempre é assim, nem sempre acaba bem, ou "quase nunca acaba bem", diria um pessimista. Como o personagem e o ator às vezes grudam um no outro, como se fossem um só, ver Bruce Willis doente foi decepcionante, triste, sombrio e destruidor. A afasia lhe tem tirado a capacidade de falar e está calando logo a voz daquele cujo personagem sempre tinha as palavras certas, na hora certa. A doença ainda tem tirado sua locomoção, logo daquele cujo personagem sempre tinha uma saída engenhosa para situações arriscadas, que incluía pular de prédios ou de carros em movimento. 

A reflexão que fica é: somos tão frágeis que buscamos inconscientemente consolo para esta nossa fragilidade quando nos projetamos nestes heróis ou mesmo anti-heróis por não possuírem a nossa fraqueza. São fortes, inteligentes, independentes, decididos, atemporais, mas, como nada pode ser perfeito, nem mesmo na tela do cinema ou da televisão, falta algo a estes heróis. Falta-lhes a existência. Isso mesmo, eles não existem. Quem existe somos nós, nossa fraqueza, nossa limitação e tudo que nos atinge. Decepcionante, porém real, frustrante, mas palpável. 

No fundo, a doença do Willis é a prova de que sempre serenos confrontados pela vida e por sua temporalidade e, além de tudo, pela fragilidade do nosso corpo e da nossa mente. A vantagem de saber disso, é que temos a opção de enfrentar tais confrontos com dignidade e cabeça erguida, o que faz o sofrimento ser menor. 


Força Bruce Willis, torcemos por você!


Autor: Líniker Santana

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