Carta a um amigo:
reflexões sobre três tipos de relacionamentos
Entendo que existem três tipos de pessoas que orbitam a ideia de relacionamento. O admirador, o colega e o amigo. Compreendo ainda, que cada pessoa dessas tem um adjetivo-chave que resume toda a sua contribuição em um relacionamento.
Ora, comecemos pelo admirador. O admirador é aquela pessoa que não
quer sentir nada por nós, senão observar nossas características positivas,
contemplar as afinidades ou apenas aproveitar a companhia para se tornar
admirado também. Em outras palavras, o admirador só é companheiro enquanto usufruirmos
de qualidades que lhe dão motivo para acreditar que algo em você é útil a ele.
Deseja perder um admirador? Basta deixar, por um momento, de oferecer o que ele
precisa. Isso acontece muito com pessoas que se aproximam com o objetivo de
aprender alguma coisa com você. Construído aquele conhecimento, você não
significa mais nada. Nada mesmo.
Falemos do colega. Que tal a expressão:
colega é igual à impessoalidade que é diferente de amor. Sim, entender o comportamento
de um colega é simples. Ele é o “companheiro” que não tem compromisso nenhum
com o outro, é a pessoa que está em ocasiões gerais, nunca em momento
específicos. A resposta de um colega é sempre sim, desde que isso que lhe tire
nada, não lhe custe nada. Não se pode depositar confiança em colegas, pois são
como a neblina que vindo o calor desaparece. Claro que existem pessoas com as
quais não haverá uma relação mais íntima que a de colega. Mas em uma relação
assim, é necessário saber que qualquer coisa que sugira compromisso, carinho ou
atenção, na verdade não passa de formalidades.
É interessante como a ideia de equilíbrio é perceptível nas
coisas. Para manter sempre o equilíbrio e a possibilidade de bons
relacionamentos que incentivem a cooperação e a busca da alegria, existe a
amizade. A amizade é a admiração somada ao respeito, somado ainda ao
sentimento, ao bem-querer. O amigo é aquele que tem compromisso com o outro e
se preocupa com ele. É aquele cuja relação é de aperfeiçoamento, de
crescimento. Em um momento em que precisamos de ajuda, quem vem nos ajudar não
são os admiradores, não são os colegas, mas os amigos. Os amigos são
companheiros cuja relação envolve a família, envolve, em alguns casos, socorro
financeiro e, é claro, apoio moral nas decisões e críticas nos erros.
Somados, estes três tipos de relacionamento formam a maior
característica de nossas relações humanas no dia-a-dia. Estamos cercados de
admiradores, colegas e amigos, apesar destes últimos estarem numa cifra
consideravelmente menor. Devemos, como relacionáveis que somos averiguar a
relação de maneira sólida, racional, pois se houver uma interpretação
equivocada ou uma expectativa maior do relacionamento de admiração e
coleguismo, alguém se decepcionará e sentirá a amarga dor de ser deixado pra
trás.
Enfim, concluamos: o admirador é uma espécie de aproveitador; o
colega é um indiferente; o amigo o companheiro. Valorizemos a todos, mas com a especialidade
que merecem.
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