Embora educação
ambiental, termo talhado no contexto de uma sociedade consumista e com olhar
curto em relação ao planeta, seja algo vasto o suficiente para gerar várias
discussões a respeito de sua natureza e propósito, eu desejo submeter este
texto a um ponto de vista, digamos, cultural e filosófico.
Na referida
caminhada observei que os transeuntes jogavam os seus lixos em plena avenida em
que caminhávamos. Esta atitude, infelizmente classificada por alguns como
“besteira”, “normal”, “inofensiva”, reflete bastante o nível de educação de
nossa população em relação aos cuidados com o planeta. Com isso, transmite-se a
ideia de que nossa população desconhece o perigo de tal atitude. Apesar desta
ideia de “desinformação social” a respeito da questão do descarte do lixo,
devemos levar em conta que houve e há grande esforço de muitas pessoas
conscientes para divulgar como pode ser feito um descarte responsável. Sendo
assim, há uma diferença entre a ideia transmitida e causa de fato deste tipo de
atitude.
Eu diria,
então, que olhando o fato fora de si,
acreditaríamos que nossa população é desinformada do perigoso ato de descartar
lixo na rua. Porém, olhando numa perspectiva mais crítica, mais cuidadosa e
atenta, ou seja, o fato em si, além
de saber que é perigoso e errado tal atitude, a população o faz por questão de
conveniência. Sim, essa conveniência vai da ausência de lixeiras em muitos
lugares públicos à preguiça de jogar o lixo na lixeira, ou simplesmente por desinteresse
pela causa do planeta, diga-se coletiva. Isso é muito sério, pois este tipo de
atitude tem um potencial grande de se espalhar entre as pessoas, pois filhos
copiam pais, maridos e esposas mutuamente se copiam, amigos a amigos e, é
claro, crianças aos adultos.
Diante do
problema levantado, surgem então algumas necessidades. Eu elenco a primeira
delas como sendo a inclusão da educação ambiental no currículo do ensino
fundamental. As nossas crianças precisam saber desde pequenas a importância de
um descarte responsável e quais as implicações referentes ao lixo, da geração
deste à possível reciclagem. Além disso, é de fundamental importância que os
governos disponibilizem lixeiras em todos os bairros da cidade, com a devida
divisão do descarte: plástico, vidro, papel e orgânicos. Aliado a estas ações
que dependem do poder público, o mais importante precisa acontecer: mudança de
hábito. O incentivo é fundamental, mas a motivação pessoal de mudar de hábito é
que é decisiva. Claro que isso é apenas a ponta do iceberg, não estou entrando
em outros méritos, tais como o da produção do lixo, da poluição nesta produção,
dos aterros, dos lixões, da incineração e outras coisas correlatas, pois o
nível de complexidade é grande e a solução depende mais de poderes públicos e
privados do que do cidadão comum. Embora a questão do lixo seja mais complexa
do que imaginamos, se nossa população entender que é importante fazer sua
parte, teremos não apenas uma cidade limpa, pois haverá menos lixos em lugares
públicos que são reservados ao lazer (como as pistas de pedestres do aeroporto
de minha cidade onde contemplei cidadãos descartando lixo), mas também a
diminuição de doenças oriundas do acúmulo de lixo em vias públicas, próximas ou
não das residências.
Devemos, então,
levar em conta, que a negligência do outro não justifica a minha negligência.
Se alguém joga lixo na rua, não devo jogar sob a afirmativa de que todo mundo
faz, ou pior, sob a alegação bizarra de que jogar lixo na rua garante o emprego
do gari. Hipocrisia! É por conta destes tipos de subterfúgios que nossa
sociedade não consegue avanços significativos em questões básicas, entre elas,
o lixo, pois a maioria de seus cidadãos sempre entende que está imune as
responsabilidades que devem ser de todos, entre elas a de não jogar o lixo na
rua.
Enquanto isso
continuarei caminhando pelas ruas de meu bairro e do aeroporto da cidade, na
esperança de ver algum avanço no comportamento das pessoas, continuarei também fazendo
minha parte e combatendo os descompromissos alheios como minha pena e meu
papel.
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