| O lixo, um dos grandes problemas que assolam a humanidade |
Assim como muitos cidadãos livres e preocupados com a saúde fazem, outro dia eu estava caminhando nas primeiras horas da manhã. A caminhada, como de costume, aconteceu no percurso de cerca de dois quilômetros e meio entre minha casa e o aeroporto de minha cidade. Bom, embora a caminhada em si não seja o escopo do que desejo transmitir, faço notório que durante este curto percurso pude perceber, não poucas vezes, sinais de que precisamos acender o alerta para um ponto fundamental da sociedade do momento: educação ambiental.
Embora educação ambiental, termo talhado no contexto de uma sociedade consumista e com olhar curto em relação ao planeta, seja algo vasto o suficiente para gerar várias discussões a respeito de sua natureza e propósito, eu desejo submeter este texto a um ponto de vista, digamos, cultural e filosófico.
Na referida caminhada observei que os transeuntes jogavam os seus lixos em plena avenida em que caminhávamos. Esta atitude, infelizmente classificada por alguns como “besteira”, “normal”, “inofensiva”, reflete bastante o nível de educação de nossa população em relação aos cuidados com o planeta. Com isso, transmite-se a ideia de que nossa população desconhece o perigo de tal atitude. Apesar desta ideia de “desinformação social” a respeito da questão do descarte do lixo, devemos levar em conta que houve e há grande esforço de muitas pessoas conscientes para divulgar como pode ser feito um descarte responsável. Sendo assim, há uma diferença entre a ideia transmitida e causa de fato deste tipo de atitude.
Eu diria, então, que olhando o fato fora de si, acreditaríamos que nossa população é desinformada do perigoso ato de descartar lixo na rua. Porém, olhando numa perspectiva mais crítica, mais cuidadosa e atenta, ou seja, o fato em si, além de saber que é perigoso e errado tal atitude, a população o faz por questão de conveniência. Sim, essa conveniência vai da ausência de lixeiras em muitos lugares públicos à preguiça de jogar o lixo na lixeira, ou simplesmente por desinteresse pela causa do planeta, diga-se coletiva. Isso é muito sério, pois este tipo de atitude tem um potencial grande de se espalhar entre as pessoas, pois filhos copiam pais, maridos e esposas mutuamente se copiam, amigos a amigos e, é claro, crianças aos adultos.
Diante do problema levantado, surgem então algumas necessidades. Eu elenco a primeira delas como sendo a inclusão da educação ambiental no currículo do ensino fundamental. As nossas crianças precisam saber desde pequenas a importância de um descarte responsável e quais as implicações referentes ao lixo, da geração deste à possível reciclagem. Além disso, é de fundamental importância que os governos disponibilizem lixeiras em todos os bairros da cidade, com a devida divisão do descarte: plástico, vidro, papel e orgânicos. Aliado a estas ações que dependem do poder público, o mais importante precisa acontecer: mudança de hábito. O incentivo é fundamental, mas a motivação pessoal de mudar de hábito é que é decisiva. Claro que isso é apenas a ponta do iceberg, não estou entrando em outros méritos, tais como o da produção do lixo, da poluição nesta produção, dos aterros, dos lixões, da incineração e outras coisas correlatas, pois o nível de complexidade é grande e a solução depende mais de poderes públicos e privados do que do cidadão comum. Embora a questão do lixo seja mais complexa do que imaginamos, se nossa população entender que é importante fazer sua parte, teremos não apenas uma cidade limpa, pois haverá menos lixos em lugares públicos que são reservados ao lazer (como as pistas de pedestres do aeroporto de minha cidade onde contemplei cidadãos descartando lixo), mas também a diminuição de doenças oriundas do acúmulo de lixo em vias públicas, próximas ou não das residências.
Devemos, então, levar em conta, que a negligência do outro não justifica a minha negligência. Se alguém joga lixo na rua, não devo jogar sob a afirmativa de que todo mundo faz, ou pior, sob a alegação bizarra de que jogar lixo na rua garante o emprego do gari. Hipocrisia! É por conta destes tipos de subterfúgios que nossa sociedade não consegue avanços significativos em questões básicas, entre elas, o lixo, pois a maioria de seus cidadãos sempre entende que está imune as responsabilidades que devem ser de todos, entre elas a de não jogar o lixo na rua.
Enquanto isso continuarei caminhando pelas ruas de meu bairro e do aeroporto da cidade, na esperança de ver algum avanço no comportamento das pessoas, continuarei também fazendo minha parte e combatendo os descompromissos alheios como minha pena e meu papel.
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