Por que será
que há este entendimento de que a filosofia é inútil em sua essência? Bom, eu
diria que a razão principal é a propagação de que as atividades contemplativas
são dispensáveis nesta sociedade dinâmica e apressada em que vivemos. Meia
verdade. É fato que vivemos em uma sociedade dinâmica e apressada, que requer
respostas rápidas sobre pontos cruciais do dia-a-dia, entre eles política,
ética, moral e outros, mas, por outro lado, deve-se entender que embora a
sociedade seja acelerada em sua essência, contemplar ainda é uma atividade
importante, pois possibilita o pensador (aquele que contempla) olhar o mundo,
isso inclui a tal sociedade acelerada, de maneira mais crítica e desprovida de
subsídios míticos.
Um outro
motivo que sustenta a afirmativa da inutilidade da filosofia é que esta não
será usada no futuro profissional do estudante. Como não? Ela está presente na
vida profissional das pessoas tanto quanto outras ciências, como a matemática e
a física, por exemplo, e em alguns casos sua presença é até mais intensa. Uma
reflexão apurada sobre um assunto discutido em uma reunião da empresa, a
argumentação em uma tentativa de vender um produto, a análise da essência de um
problema que surge na vida, isso e mais outras coisas podem ser entendidas como
atividades filosóficas essenciais. Entender que a filosofia é inútil é puro
senso comum, é olhar de maneira simplista para algo que fundamenta mais de dois
milênios de atividade e produção. Deve-se lembrar que muitas das ciências que
conhecemos e classificamos como “úteis”, são braços da filosofia que se
tornaram independentes.
Mas, o que
fazer então? Acredito que mudar esta perspectiva não é fácil, pois ela foi
construída ao longo da formação intelectual de nosso país que, diga-se de
passagem, não contemplou a reflexão filosófica como prioridade. Claro, há as
notórias exceções. Nós, os profissionais de filosofia (por que não filósofos?)
devemos continuar aprimorando nossa capacidade de clarificar os conceitos e
desconstruir o senso comum que nutre nossos alunos e até outros professores que
ministram outras ciências. Cada um use seu recurso, de acordo com sua
realidade. Há quem utilizando um discurso rebuscado e polido, convença seus
pares. Há quem aliando filosofia e outras áreas do conhecimento a
esclareça mais. Há quem procure respostas nos filósofos clássicos e/ou nos
modernos. Enfim, cada um haverá de descobrir como podem combater este senso
comum que eu poderia, com o perdão do neologismo, chamar de “mau-senso”. Não é
tarefa fácil, mas eu continuo tentando.
Bela reflexão se ocidente está preso a utilidade e não enxerga nada mais além disso, essa reflexão diz aquilo que os ultilitaritas não consegue perceber a capacidade da Filosofia está presente na vida, no cotidiano de todos, mesmo sem ser perceptível a todos. Parabéns.
ResponderExcluirPois é meu nobre amigo matemático. Essa visão comum de muitos, inclusive intelectuais, empobrece a difusão de um saber mais substancialmente seguro e existencial.
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