quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Sensações do momento

Fonte da imagem: Internet
É final de tarde, a luz do sol em tons alaranjados percorre todo o céu diante de mim. Os pássaros, já em seu toque de recolher, fazem um barulho retumbante. As crianças, grandes e pequenas, misturadas sob espessa nuvem de poeira levantada pelo contínuo sassaricar, começam a ouvir suas mães chamando para voltarem para casa. Estou sentando em uma calçada observando tudo que acontece ao meu redor, como um artista que busca uma inspiração para a sua obra criar, recriar ou resignificar. 

Posto o sol, a noite chegou, mas continuo com as minhas observações. A casa, a quem pertence a calçada onde estou sentando, é espaçada, sem grades e cercada por varandas, com muitas árvores nos seus arredores. Um "ar de alegria" parece haver ali. Além disso, ouve-se o som das crianças brincando ao tomar banho em algum lugar nos fundos da casa, o que ajuda no clima de alegria. Um cheiro incrível de comida sendo preparada percorre as proximidades da casa, o que faz despertar o apetite de qualquer um, mesmo diante em um céu vultuoso, que agora está estrelado e apaixonante. 

Quando já ensaio levantar da calçada, ouço o apito do trem que passa na rua de baixo, onde está a pequena estação da fazenda. Fiquei mais um pouco, pois aquele som me despertou memórias. Lembrei que nele vem gente da cidade, trazendo consigo algo que compraram nas lojas movimentadas do município, como minha tia, que outro dia, me trouxe um boné com o brasão do Flamengo. Lembrei ainda que outras pessoas vêm passar o final de semana com a família aqui na fazenda, buscando um pouco de sossego, pois às vezes não o acham onde moram, como um primo meu, que veio para cá para fugir da chatice dos vizinhos, que só faziam barulho em suas bebedeiras. O trem partiu para a sua jornada até a estação final, e eu me levantei e fui para casa.

Quando cheguei em casa, minha mãe avisou que José Pedro, o JP, esteve a minha procura. JP é um amigo de longas datas. Embora seja muito jovem, como eu também o sou, José parece entender bastante das minhas "filosofias", pois sempre tenta "enxergar" na sua imaginação aquelas coisas que crio na minha. É um amigo valioso.

Tomei banho, jantei, conversei um pouco com os meus pais. Feito isso, fui para a frente de casa, quando chegaram JP, o Elias e o Mayksuel (isso, escrito assim mesmo, pois o pai dele gostou da sonoridade). Conversamos sobre coisas de rapazes (e também de moças), como carro, lutas e futebol. Os três se gabavam dos gols que faziam nas peladas de sábado a tarde e contavam anedotas de seus lutadores preferidos, além de exaltaram o carro que julgavam mais bonito e potente. Era divertido vê-los se divertindo com aquilo que achavam de si mesmos e das coisas que gostavam.

Depois de dialogarmos por umas duas horas, nos despedimos e eu fiquei mais um tempo na frente de minha casa observando um pouco o céu estrelado. Já passava das 22 horas, o que me permitia apreciar o barulho dos insetos e anfíbios perto de dali, pois as muitas crianças já estavam dormindo. Poético e inspirador.

Todas as vezes que me deixo levar pelos meus pensamentos, percebo que o que eu tenho de mais importante é a mim mesmo. Busco usufruir cada sensação, ouvir cada som, apreciar cada sabor, perceber cada cor. Mesmo sendo jovem, já me sinto na responsabilidade de aproveitar a vida de maneira robusta, pois assim enxergo a minha brevidade.

As genuínas sensações do momento são tudo que temos, é a nossa efetiva posse. O que aconteceu ontem, já não existe. O amanhã é apenas uma possibilidade, a riqueza, um benefício incapaz de nos dá a felicidade plena e a falta de sentido na vida é o pior das males.


Autor: Líniker Santana
 


2 comentários:

  1. Achei muito pertinente para o momento atual esta reflexão, com muita poesia filosófica existencial.
    Parabéns nobre filósofo Lineker.

    ResponderExcluir