sexta-feira, 13 de maio de 2022

Coisificado

Sempre que venho a um banco público tenho uma sensação muito específica. Vejo as pessoas esperando suas vezes de serem atendidas, olhando atentas para o painel e buscando, com os olhos clamantes, identificar algum mínimo interesse naqueles que estão postos para os atenderem. 

O olhar frio, indiferente e arrogante de alguns servidores, parece indicar que a massa de pessoas que ali está é um incômodo para eles. 

As pessoas, quando podem se assentar nas cadeiras de conforto duvidoso, se perdem entre sentimentos de raiva, impaciência e desespero, tudo claramente demostrado no constante olhar para os lados, troca da posição das pernas cruzadas e suspiros de frustração. 

Este sentimento é potencializado quando os atendentes levantam, lentos como um barco a zarpar, e param diante de outros servidores públicos seguros de seu futuro, e começam a por algum assunto em dia. Dez minutos aqui, quinze ali, cinco mais a frente, são suficientes para fazer uma pessoa esperar muito mais que o necessário.

Desprezado e banalizado, esse é o diagnóstico que faço de mim mesmo,  assim como dos outros. Coisificado, transformando em mero refém da necessidade .

Mas, o que nos libertaria disso tudo?

Ou vivemos sem precisar dos bancos ou busquemos, de alguma forma, demonstrar que são somos insignificantes como pressupõe alguns insensíveis servidores públicos.

Como? 

Não existem repostas fáceis. 


Autor: Liniker Santana

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