Um país dos sonhos... |
Pedro mora em um bairro distante do local onde trabalha, mas isso não lhe é um peso, uma desvantagem. Quando deixa sua casa, as seis e quarenta, caminha pouco mais de cinquenta metros e chega à estação, na qual espera o metrô que passa às sete horas, sem atrasos. Quando entra no seu vagão preferido, encontra muitas cadeiras disponíveis, com limpeza e preservação inquestionáveis. Uma voz soa dos alto-falantes com um misto de clareza e suavidade informando o nome e a previsão de chegada à próxima estação. Pedro tem tempo de ler a edição do dia do jornal mais popular da cidade, pois existem vários exemplares espalhados pelos vagões que podem ser compartilhados pelos passageiros.
Às
sete e vinte Pedro chega na empresa onde trabalha e é recebido com um
bom dia caloroso acompanhado de uma boa notícia: o Sindicato da
categoria conseguiu negociar com os empresários do setor um aumento
salarial de 15% para todos os trabalhadores e que este aumento já será
percebido no próximo pagamento salarial. Todos comemoram. Passado o
expediente, o moço é liberado e volta para sua casa. Vai para a estação e
pega o metrô pontualmente às dezessete horas, onde vem sentado,
tranquilo e confortável.
Quando
chega em casa, Pedro recebe a informação que sua irmã mais nova passou
mal e foi socorrida às pressas para o Hospital. Junto com a notícia,
porém, veio o conforto: quando ligaram para o serviço de socorro, em
três minutos a ambulância chegou e levou a criança para o Hospital, no
qual foi atendida com toda atenção e dedicação necessários. Não tiveram
dificuldade de ligar para o socorro, pois o sinal de telefonia é ótimo e
barato e, além disso, o serviço de atendimento de telefonemas das
empresas públicas e privadas é muito eficiente. A criança ficou bem.
A
namorada de Pedro estuda na Escola Estadual Caminhando para o Futuro,
no mesmo bairro onde ele mora. Ela vive dizendo que se orgulha de
estudar lá. Está no último ano do ensino médio, e se orgulha de falar
inglês num nível razoável e sempre fala da dedicação de seus
professores. Comenta que em sua sala só tem vinte alunos e diz que em
toda escola é assim. Pedro ficou curioso e foi constatar: a escola é
maravilhosamente limpa, funcionários o suficiente para ela funcionar bem
e os professores demostram satisfação no ambiente. O rapaz pode
constatar ainda, que a escola segue um plano de gestão pensada e mantida
pelo governo, que costuma ser eficiente em suas políticas públicas para
a educação. Muito bom.
Chega
o sábado e o moço Pedro Santos decide passear. Juntou a família e a
namorada e foi passear nas praias da região norte de seu estado. Sua
viagem foi muito tranquila, pois as estradas são perfeitas. Sem buraco,
bem sinalizadas. Trânsito, não existe. Na praia, muita diversão. No
final do dia todo o lixo gerado no lazer foi descartado nas lixeiras
seletivas que existem em centenas nas principais praias do estado. Na
volta, tudo aconteceu com a mais perfeita tranquilidade.
Já
próximo de casa, Pedro avista uma senhora tentando atravessar a
estrada. Sem pensar duas vezes, ele para e sinaliza gentilmente para que
a senhora passe. O gesto dele foi copiado por todos os carros que lhe
seguiam, todos demostrando paciência e satisfação em atender a simples
necessidade da idosa.
Ao
chegar, percebe que seu bairro é constantemente patrulhado pela
polícia, embora as taxas de criminalidade sejam baixíssimas, pois com
uma forte indústria e comércio crescente, seu país mantém a desigualdade
social muito pequena e uma distribuição de renda equilibrada, inibindo a
criminalidade e a ociosidade. Sente-se extremamente seguro.
Pedro
é patriota, não pensa em sair do seu país. Não vê a necessidade de sair
de um lugar onde as coisas funcionam tão bem ao ponto de outras nações
copiarem os exemplos de sucesso. Ele argumenta que não se trata de ser
um lugar perfeito, mas de um lugar onde se busca a completude social, a
justiça, a igualdade e, acima de tudo, a valorização da dignidade
humana. Ele tem orgulho de ter nascido neste lugar, o Lisarb. O Lisarb é
o país dos seus sonhos, tudo que ele sempre quis, não tem como não ser
feliz aqui. Ele se diz completo, e não esconde isso de ninguém. Mas
depois Pedro acordou.
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