terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O amor kierkegaardiano



“Será o amor um meio ou um fim? ”

 Esta pergunta pode ter mil respostas, mas me reservo neste pequeno texto a especular o que responderia Soren Aybe Kierkegaard, um grande pensador. Pensador da dor, do sofrimento, da subjetividade e do amor, ou, por que não, do não-amor.
Kierkegaard, morto em 1855, escreveu várias obras, uma das quais, O Diário de um Sedutor, apresenta uma certa noção de amor. Para o filósofo, o indivíduo pode direcionar sua maneira de ser e viver por três caminhos, cada um deles, apresentando uma noção de amor diferente.
O primeiro caminho seria o do prazer, que Kierkegaard chamará de estágio estético, momento onde o prazer é o foco do indivíduo. A alegria, o desejo, a necessidade de saciedade sensorial, tudo isso existe como horizonte a ser buscado e alcançado. Eu diria que o amor neste contexto teria uma conotação simbólica, surgindo como uma espécie de atração física e prazer visual. O indivíduo então só amará quem estiver inserido em sua ideia de beleza.
Em seguida temos o caminho da responsabilidade, o estágio ético na filosofia kierkegaardiana. Neste percurso o indivíduo se vê como alguém cuja responsabilidade é o centro de sua existência. Aqui temos o ser ligado a ideia de que sua maneira de existir deve levar em conta a de outros indivíduos por quem é responsável. O amor neste percurso seria a negação de si mesmo em função do outro, é um amor altruísta.
Por último o caminho da fé. O amor nesta perspectiva tem caráter religioso. Seria o desapego pelo “eu” em função do divino, o estágio religioso de Kierkegaard. Aqui temos um indivíduo que nega não apenas sua própria vida, mas abre mão de tudo em função de uma relação mística com a divindade.

Mas, qual seria a resposta de Kierkegaard a questão acima apresentada? Bom, com a ousadia de quem deseja pensar, diria que para ele o amor pode ser meio e pode ser fim. Dependerá do indivíduo. O amor existe, é um fato. O seu caráter será definido pelo sujeito, por meio de sua interação subjetiva com a realidade. Como qualquer outra coisa o amor não existe fora do homem, mas a partir dele. Por isso ame, mesmo que não entenda o que é o amor.


Autor: Líniker Santana

Nenhum comentário:

Postar um comentário